SOME DAYS ARE BIGGER THAN OTHERS

Volto em breve...
















terça-feira, 30 de setembro de 2008

Relações Públicas, pois claro!

Para perceber tudo o que se segue, o melhor é, primeiro, dar uma espreitadela a este post: http://bitaites.org/friccoes/comunicacao-marketing-e-propaganda. A resposta aqui explanada é da autoria de Bruno Amaral e eu confesso que fiquei deliciada com o modo como ele descreve as Relações Públicas. Enjoy it.

"O Marco está completamente a milhas quando fala da Comunicação, só sabe metade da História. Para começar, o relato que ele nos conta faz com que o leitor pense que a Comunicação não é lá muito inteligente e ainda por cima se deixa enganar.

Nada disso, a Comunicação é uma das mulheres mais inteligentes e bonitas que eu conheço. E isso de ela andar a ser enganada pelo marketing… não é bem assim. Aquela relação já não é nada há muito tempo meus amigos; o marketing tem tido dificuldade em cumprir prazos e resultados. E não me refiro apenas no dia a dia…

Mas adiante…

Não sei porque razão o Marco falou tanto na Propaganda, se calhar foi por causa dos resultados da operação. Por causa dessa distracção não saio dali um piu que fosse sobre o bom da Fita: O Relações Públicas.

É um tipo bem parecido, com um sorriso timido e uns olhos que dizem “estou aqui para te ouvir”. O sonho de qualquer mulher, seja de dia ou seja de noite.

O Relações Públicas e a Comunicação conhecem-se desde miúdos — há ali uma atracção inegável. E o Relações Públicas nunca lhe falhou. Perdeu foi a primeira batalha com a chegada do Marketing, cheio de promessas e sonhos. Foi culpa da falta de versatilidade inicial, porque há sempre muitas questões de ética e deontologia. Mesmo no jogo de guelas entre o Marketing e o RP para ver quem levava a Comunicação andar de Baloiço! (Sim, esta história já vem de há muitos anos…) O Marketing violou as regras e usou um abafador quando o Relações Públicas estava distraido.

Hoje em dia já são os três crescidos, e a Comunicação aproximou-se novamente do Relações Públicas. Trabalham os dois numa empresa onde têm várias funções. Desde acções de lobby, partilha de informação com os jornalistas, organização de eventos, campanhas de comunicação, pesquisa de apoio à decisão …

As áreas em que a Comunicação e o Relações Públicas conseguem trabalhar são imensas! E o Marketing não consegue ter a classe necessária para campanhas de comunicação de interesse público por mais que tente.

É preciso um toque e uma empatia especial como só o Relações Públicas e a Comunicação têm em conjunto. Por isso é que eles passam grandes serões a trabalhar em equipa, almoçam juntos e partilham sorrisos de cumplicidade entre chávenas de café.

E porque é que o Relações Públicas não conta à Comunicação sobre a traição do Marketing? Ele sempre foi o lado bom da força, não vai ser agora que se vira para o lado negro. Não se esqueçam que a Comunicação não é parva e que a Propaganda não sabe ficar calada. Mais tarde ou mais cedo tudo se há-de descobrir."

domingo, 28 de setembro de 2008

Aquele abraço

Conversas íntimas sob abraços profundos e olhares sinceros, sorrisos parvos e brincadeiras à mistura. Estava a precisar disto, ou, melhor ainda, estávamos a precisar disto. É difícil estar tão longe de alguém que nos é tão próximo...

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Quando não se sabe qual o rumo a tomar

eu podia estar mais perto
do que eu queria para mim
só que eu já não sei ao certo
onde foi que eu pensei chegar
peço à dor que se habitue
se não for o caminho certo
como é que o tempo o vai provar

Caminho Certo
Manel Cruz

domingo, 21 de setembro de 2008

Suit up!

Este meu vício pelas séries é algo que já vem de algum tempo atrás. Posso dizer-vos que isto está a tornar-se, de tal modo, uma tradição que eu não abdico dela nem que me tirem três dentes do siso. Digo-vos mais: isto é coisinha para me entreter durante horas e, no decurso desse tempo, eu não faço mais nada do que degustar lentamente cada fala, imagem e/ou pormenor.

Quando acabou Friends, senti um vazio nas séries de comédia. Caramba, tantas vezes me ri com os berbicachos do Ross, os disparates do Joey, o perfeccionismo da Mónica, a imaturidade da Rachel, as loucuras da Phoebe e as piadas secas do Chandler. Era batidinho: todos os dias, na RTP2, assistia religiosamente a mais um episódio. Mas tudo o que é bom acaba depressa, não é? Mesmo quando a série se estende por dez temporadas! :p

E pronto, finalmente chegou a série que, na minha opinião, substitui, com todo o mérito, Friends. Falo-vos de How I met your mother. "O que eventualmente diferenciou HIMYM de outras sitcoms similares foi a extrema competência em contar uma história que está determinada desde o título da série: todos sabem que, eventualmente, Ted Mosby (Josh Radnor) vai encontrar a sua the one, casar e ter um casal de filhos. Mas partir dessa premissa de flashback dá aos autores uma liberdade narrativa fantástica, e essas constantes brincadeiras de vai-e-vem com o tempo proporcionaram alguns dos momentos mais fantásticos da série."

E assim vos apresento o meu mais recente vício. Arranjem a série e riam-se muito. It will be legendary (depois vão perceber a piada).

Para o ano há mais

É oficial. Dou como terminado o Verão. Sim, é isso mesmo. Para trás, ficam os dias cheios de sol, o calor abrasador, a felicidade de se saber que se está de férias, o protector solar, as havaianas, os mergulhos no mar, entre um montão de outras coisas. É tempo de começar não só tudo de novo como também algo novo. Estão de regresso as aulas, os trabalhos, as viagens tenebrosas, a casa partilhada e as longas horas à frente do computador. Volta ainda o frio, a chuva e os dias cinzentos que nos convencem a ficar na cama. Desta vez, não vou encarar tudo isto como se fosse um suplício. Quero apreciar a chuva, saborear a saudade, aquecer-me no meio das mantas, vestir os casacos compridos e beber uma chávena de chá bem quente. Desejo novos projectos, aventuras e desafios, mas também a retoma de velhos hábitos. Tudo vai ser melhor agora. Tem de ser...


quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Homenagem à minha letra preferida

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Blog Action Day


Blog Action Day 2008 Poverty from Blog Action Day on Vimeo.

Simplesmente, brilhante! O Blog Action Day é um evento anual sem fins lucrativos que tem por fim unir bloggers, podcasters e viodeocasters de todo o mundo para que, num dia previamente determinado, todos postem sobre a mesma temática. Ou seja, pretende-se que, nesse dia, todos abordem o mesmo assunto independentemente do modo como o fazem. Sendo que o tema deste ano é a pobreza, no dia 15 de Outubro de 2008, qualquer usuário de Internet poderá dar a sua opinião, mostrar um vídeo, compor uma canção, entre tantas outras coisas. O objectivo deste evento é aumentar a consciência do problema e provocar a discussão global. One Issue, Thousands of Voices.

Podem saber mais aqui e, se for vosso desejo, é-vos dada a oportunidade de aderirem a este evento. Para isso, só tem de registar o vosso blogue no site do Blog Action Day.

sábado, 13 de setembro de 2008

It's a new day, it's a new life for me and I'm feeling good

Sábado... O tão esperado sábado! A Internet começa a ficar lenta devido à grande afluência de utilizadores. Todos pretendem conhecer o veredicto final. Ao mesmo tempo, a ansiedade cresce dentro do peito e dá azo ao nervosismo. Chegou a hora da verdade. É o momento de saber se todo o esforço despendido durante o ano lectivo resulta agora em frutos prontos a serem colhidos ou se, pelo contrário, estes frutos acabaram apodrecidos no chão. Acede-se, o mais rápido que se consegue, ao site da Direcção-Geral do Ensino Superior e coloca-se o nome completo ou o número do Bilhete de Identidade. E pronto, em poucos segundos tudo muda na nossa vida.
Amigos que se separam, famílias que se fragmentam, novas relações que se vão construindo. E tudo vale realmente a pena!

Quanto ao resto da noite... Bem, esse é passado impreterivelmente nas Feiras Novas de Ponte de Lima. ;) E, agora, toca a encher, caloirada! Um ano em grande para vocês!


P.S. Eu sei que, este ano, as colocações não coincidiram com as Feiras Novas, mas esta é só a excepção que confirma a regra.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Help me, please!

Estou a ficar consumista... estou mesmo a virar mulher!

Esta frase foi, estranhamente, dita por mim. E passo a explicar. Sabem aquela série que se desenrola em torno de quatro mulheres bem sucedidas, amigas e confidentes, que estão, por norma, impecavelmente arranjadas e que fazem os possíveis para perceberem as relações interpessoais que mantêm? Pois bem, chamem-me atrasada, fútil ou o que mais vos aprouver, mas esta tornou-se na minha série de Verão. Para os mais desatentos, eu estou mesmo a falar de O Sexo e a Cidade. Sempre que foi possível, acompanhei os amores e desamores de cada personagem, os dilemas de cada dia e as aventuras inesperadas. Agora, que já vou na sexta temporada apesar de não ter visto todos os episódios, sinto-me encantada com todo este mundo. E foi num destes momentos de admiração que eu desejei ter exactamente esta colecção:


Ainda por cima, acho brilhante trazerem todas as temporadas numa caixa de sapatos! E pronto, já prometi que assim que tenha a série completa na minha posse, rumarei até Braga e farei um serão em muito boa companhia. ;)

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

No comments

"PARA QUÊ?

De 4 em 4 anos, a seguir aos Jogos Olímpicos, lá vem a história dos Paralímpicos. O pessoal com "handicap" (físico ou mental) aproveita as instalações desportivas olímpicas e vai também à caça à medalha. O Mundo considera isto um acontecimento! Mas não é. Quando muito é uma boa ideia que sobretudo serve de motivação a quem nasceu e cresceu com problemas. De aí até fazer dos Jogos Paralímpicos um acontecimento, com páginas de jornal, vai uma grande distância. A não ser pelo bizarro da coisa... Só consigo encontrar uma explicação para isto: os "eficientes" justificam a sua geral indiferença pelos "outros" com este tipo de paternalismo. A treta do costume. O desporto de alta competição nada tem a ver com esta espécie de ATL com cães-guias, próteses da Puma e jogos de salão...

PS - Presente em Pequim, Laurentino Dias considerou a conquista de uma medalha de ouro em Boccia (?????????) "o momento mais bonito do meu mandato". Ok, já sabíamos que não está a ser um grande mandato - o que não sabíamos é que ia assim tão mal..."

domingo, 7 de setembro de 2008

Talvez pudesse o tempo parar

Já era hora de pôr a conversa em dia, de me fazeres companhia sem teres de pronunciar uma única palavra, de irmos tomar um café e falar de tudo e de nada. Já era tempo de conhecer novos lugares, de alinhar em jogos de cultura e rirmo-nos da nossa escassez de conhecimentos... Este fim-de-semana foi tudo isso e muito mais. Obrigada. És especial, sirigaita :)

sábado, 6 de setembro de 2008

Ainda não foi desta

Apenas um número e uma estrela. Puf!

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Venham de lá os discos de vinil!

Chove lá fora. Chove mesmo muito lá fora! Parece que os dias de Outono já vieram para ficar e, por conseguinte, há que arranjar programas alternativos, certo? Pois bem, a minha pessoa decidiu fazer de prima fixe e tratou de levar a prima mais nova ao cinema. A "pequena" elegeu logo qual seria o filme que nos ia entreter durante 108 minutos: Mamma Mia! Eu estava com saudades de me sentar numa sala de cinema, é certo. Mas até que ponto sentia falta de passar tempo só por passar? Ao contrário de muitas pessoas que me rodeiam, eu não me encontrava assim tão motivada para ver este musical. Bem, mas era hora de ver o que me esperava. Lá dão início à história e, exactamente nesse momento, já se ouve uma das tantas músicas dos Abba. E agora, fica aqui o conselho que mais importa reter disto tudo: se não gostam minimamente de Abba, ao ponto de não conseguirem ouvir dois acordes seguidos, então que nem vos passe pela cabeça assistir a esta comédia-romântica. Por outro lado, se até nem se importam de cantarolar as músicas que os vossos pais veneram, ganhem coragem, saiam de casa e comprem um bilhete para esta sessão de karaoke. Afinem as vozes e... que comece o filme!


Ah! Falta dizer que Mamma Mia também vale pelas paisagens únicas da Grécia. Este país encanta-me...

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

O Norte... por Miguel Esteves Cardoso

"Primeiro, as verdades.
O Norte é mais Português que Portugal.
As minhotas são as raparigas mais bonitas do País.
O Minho é a nossa província mais estragada e continua a ser a mais bela.
As festas da Nossa Senhora da Agonia são as maiores e mais impressionantes que já se viram.
Viana do Castelo é uma cidade clara. Não esconde nada. Não há uma Viana secreta. Não há outra Viana do lado de lá. Em Viana do Castelo está tudo à vista. A luz mostra tudo o que há para ver. É uma cidade verde-branca. Verde-rio e verde-mar, mas branca. Em Agosto até o verde mais escuro, que se vê nas árvores antigas do Monte de Santa Luzia, parece tornar-se branco ao olhar. Até o granito das casas.

Mais verdades.
No Norte a comida é melhor.
O vinho é melhor.
O serviço é melhor.
Os preços são mais baixos.
Não é difícil entrar ao calhas numa taberna, comer muito bem e pagar uma ninharia.

Estas são as verdades do Norte de Portugal.
Mas há uma verdade maior.
É que só o Norte existe. O Sul não existe.
As partes mais bonitas de Portugal, o Alentejo, os Açores, a Madeira, Lisboa, et caetera, existem sozinhas. O Sul é solto. Não se junta.
Não se diz que se é do Sul como se diz que se é do Norte.
No Norte dizem-se e orgulham-se de se dizer nortenhos. Quem é que se identifica como sulista?
No Norte, as pessoas falam mais no Norte do que todos os portugueses juntos falam de Portugal inteiro.
Os nortenhos não falam do Norte como se o Norte fosse um segundo país.
Não haja enganos.
Não falam do Norte para separá-lo de Portugal.
Falam do Norte apenas para separá-lo do resto de Portugal.
Para um nortenho, há o Norte e há o Resto. É a soma de um e de outro que constitui Portugal.

Mas o Norte é onde Portugal começa.
Depois do Norte, Portugal limita-se a continuar, a correr por ali abaixo.
Deus nos livre, mas se se perdesse o resto do país e só ficasse o Norte, Portugal continuaria a existir. Como país inteiro. Pátria mesmo, por muito pequenina. No Norte.
Em contrapartida, sem o Norte, Portugal seria uma mera região da Europa. Mais ou menos peninsular, ou insular.

É esta a verdade.

Lisboa é bonita e estranha mas é apenas uma cidade. O Alentejo é especial mas ibérico, a Madeira é encantadora mas inglesa e os Açores são um caso à parte. Em qualquer caso, os lisboetas não falam nem no Centro nem no Sul - falam em Lisboa. Os alentejanos nem sequer falam do Algarve - falam do Alentejo. As ilhas falam em si mesmas e naquela entidade incompreensível a que chamam, qual hipermercado de mil misturadas, Continente.

No Norte, Portugal tira de si a sua ideia e ganha corpo. Está muito

estragado, mas é um estragado português, semi-arrependido, como quem não quer a coisa.

O Norte cheira a dinheiro e a alecrim.


O asseio não é asséptico - cheira a cunhas, a conhecimentos e a arranjinho. Tem esse defeito e essa verdade.

Em contrapartida, a conservação fantástica de (algum) Alentejo é impecável, porque os alentejanos são mais frios e conservadores (menos portugueses) nessas coisas.

O Norte é feminino.
O Minho é uma menina. Tem a doçura agreste, a timidez insolente da mulher portuguesa. Como um brinco doirado que luz numa orelha pequenina, o Norte dá nas vistas sem se dar por isso.

As raparigas do Norte têm belezas perigosas, olhos verdes-impossíveis, daqueles em que os versos, desde o dia em que nascem, se põem a escrever-se sozinhos.
Têm o ar de quem pertence a si própria. Andam de mãos nas ancas. Olham de frente. Pensam em tudo e dizem tudo o que pensam. Confiam, mas não dão confiança. Olho para as raparigas do meu país e acho-as bonitas e honradas, graciosas sem estarem para brincadeiras, bonitas sem serem belas, erguidas pelo nariz, seguras pelo queixo, aprumadas, mas sem vaidade. Acho-as verdadeiras. Acredito nelas. Gosto da vergonha delas, da maneira como coram quando se lhes fala e da maneira como podem puxar de um estalo ou de uma panela, quando se lhes falta ao respeito. Gosto das pequeninas, com o cabelo puxado atrás das orelhas, e das velhas, de carrapito perfeito, que têm os olhos endurecidos de quem passou a vida a cuidar dos outros. Gosto dos brincos, dos sapatos, das saias. Gosto das burguesas, vestidas à maneira, de braço enlaçado nos homens. Fazem-me todas medo, na maneira calada como conduzem as cerimónias e os maridos, mas gosto delas.

São mulheres que possuem; são mulheres que pertencem. As mulheres do Norte deveriam mandar neste país. Têm o ar de que sabem o que estão a fazer. Em Viana, durante as festas, são as senhoras em toda a parte. Numa procissão, numa barraca de feira, numa taberna, são elas que decidem silenciosamente. Trabalham três vezes mais que os homens e não lhes dão importância especial. Só descomposturas, e mimos, e carinhos.

O Norte é a nossa verdade.

Ao princípio irritava-me que todos os nortenhos tivessem tanto orgulho no Norte, porque me parecia que o orgulho era aleatório. Gostavam do Norte só porque eram do Norte. Assim também eu. Ansiava por encontrar um nortenho que preferisse Coimbra ou o Algarve, da maneira que eu, lisboeta, prefiro o Norte. Afinal, Portugal é um caso muito sério e compete a cada português escolher, de cabeça fria e coração quente, os seus pedaços e pormenores.
Depois percebi.

Os nortenhos, antes de nascer, já escolheram. Já nascem escolhidos. Não escolhem a terra onde nascem, seja Ponte de Lima ou Amarante, e apesar de as defenderem acerrimamente, põem acima dessas terras a terra maior que é o "O Norte".
Defendem o "Norte" em Portugal como os Portugueses haviam de defender Portugal no mundo. Este sacrifício colectivo, em que cada um adia a sua pertença particular - o nome da sua terrinha - para poder pertencer a uma terra maior, é comovente.

No Porto, dizem que as pessoas de Viana são melhores do que as do Porto. Em Viana, dizem que as festas de Viana não são tão autênticas como as de Ponte de Lima. Em Ponte de Lima dizem que a vila de Amarante ainda é mais bonita.

O Norte não tem nome próprio. Se o tem não o diz. Quem sabe se é mais Minho ou Trás-os- Montes, se é litoral ou interior, português ou galego? Parece vago. Mas não é. Basta olhar para aquelas caras e para aquelas casas, para as árvores, para os muros, ouvir aquelas vozes, sentir aquelas mãos em cima de nós, com a terra a tremer de tanto tambor e o céu em fogo, para adivinhar.

O nome do Norte é Portugal. Portugal, como nome de terra, como nome de nós todos, é um nome do Norte. Não é só o nome do Porto. É a maneira que têm e dizer "Portugal" e "Portugueses". No Norte dizem-no a toda a hora, com a maior das naturalidades. Sem complexos e sem patrioteirismos. Como se fosse só um nome. Como "Norte". Como se fosse assim que chamassem uns pelos outros. Porque é que não é assim
que nos chamamos todos?"