"Então, eu depois digo-te alguma coisa. Beijinhos e obrigada pela consideração!"
Depois de desligar o telemóvel, a cabeça não pára de pensar nos mais ínfimos pormenores. Nasce o receio, o nervosismo miudinho, o medo de não saber fazer o que quer que seja. Primeiro a hesitação, depois a aventura. O primeiro passo é fazer o curriculum e, para isso, tenho de descarregar o Europass. Coloco foto? Não, isso é discriminatório. Experiência profissional? Hum… Os trabalhinhos de Verão contam? Aptidões e competências sociais? Pronto, o meu humor começa a mudar. A esta altura, já deu para perceber que a tarefa é mais complicada do que eu julgava inicialmente.
Umas oito horas se passaram desde o momento em que comecei a preencher o “formulário” e o momento em que o finalizei. O segundo passo consiste, exclusivamente, em enviar o documento. Como podem imaginar, esta foi a etapa mais fácil. O terceiro momento demorou a chegar. Eu penso que ele foi até Itália e só voltou na terceira semana de Setembro, o malandro. O nervosismo, a esta altura, já atingia picos nunca antes vistos. Mesmo assim, eu teria de esperar mais uma semana para conseguir uma entrevista. A minha primeira entrevista! Ficou decidido que seria segunda-feira, dia 22 de Setembro. Todavia, a minha pessoa achou que ainda não tinha esperado o suficiente e, por isso, adiou-a para a quarta-feira seguinte. Vá, tudo bem, eu conto a verdade. Naquela segunda-feira em que eu, supostamente, ia ter a entrevista, fui informar-me junto a uma colega que, neste Verão, fez o estágio ao qual me candidatei. E não podia ter sido pior. Eu, que até tinha as expectativas bastante altas, fiquei com elas por terra. As referências não foram, de todo, as melhores e eu acobardei-me. Por sorte, tenho uma família e bons amigos que sabem dar os conselhos certos na hora exacta. Se eu tenho algo a aprender com isto tudo, é que nunca me devo guiar unicamente pela opinião de uma pessoa.
Quarta-feira, 24 de Setembro, 3 horas da tarde. Estou, agora, no gabinete para ter a tal conversa informal que serve para eles saberem tudo sobre a futura estagiária. A reunião começa bem, a conversa é agradável, estamos os três descontraídos, mas surge o momento de decidir se eu fico ou não. «Ok, então está decidido. Por nós, começas segunda às 14h30. Pode ser?» Claro que sim! Lá estarei de certeza…
A primeira semana já passou e continua a ser tudo muito estranho. O trabalho não é complicado, mas eu é que, por vezes, sinto-me mesmo perdida e sem saber o que fazer. Tenho fé de que isto, com o tempo, vá ao sítio. Oh my God, I'm so young!
