Foi numa tarde chuvosa, aquele em que eu te mostrei o conteúdo do meu coração.
Peguei-te na mão que estava casualmente caida sobre a mesa. Apoiei o meu cotovelo e entrelacei os nossos dedos. Calmo, confiante.
Pedi-te para fechares os olhos. Hesitaste. Face à tua relutância, passei-te os dedos pela fronte e como que mecanicamente obedeceste. Regressei à primeira forma.
Cheguei-me junto de ti, pouco mais de um palmo nos separava e disse: "despe-te de ti assim como eu estou a despir-me de mim."
Nesse instante deixamos cair os nossos “eus”, como fatos pesados que apenas nos constringem os movimentos.
Desprovidos de tudo menos de nós, abrimos os olhos. Na minha face pudeste ler-me. Nada te ocultei, todas as minhas diferentes cores estavam à tua frente. Tive medo, talvez tivesse sido ingénuo.
Sopraste-me levemente para a cara e sorriste. A chuva parou.
quinta-feira, 9 de abril de 2009
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