O almoço já ia no fim quando a revista apareceu em cima da mesa. Na capa, o castigo da Sida que continua a assombrar famílias e a súplica por uma vida digna. Entre artigos com maior ou menor interesse, palavras perdidas e informação pouco relevante, irrompe uma pérola digna de registo.
Viajo porque preciso, volto porque te amo é o título de uma longa-metragem que retrata a pesquisa de campo de José Renato, geólogo, 35 anos, enviado para atravessar uma região quase desértica no Nordeste Brasileiro. Com o passar do tempo, a viagem revela-se cada vez mais penosa, vazia e distante, despertando no protagonista sentimentos de solidão, abandono e sobretudo saudade.
Parei de comer e fiquei a pensar no título. Todos nós, no nosso dia-a-dia, procuramos um lugar diferente. Um lugar melhor, mais fascinante e singular. Corremos e desesperamos para encontrar aquele cantinho onde nos sentimos em casa, renunciando a ideia de que nos acomodamos. Embora afirmemos convictamente isso, voltamos sempre ao mesmo. Talvez porque é mais fácil, mais rápido e dá menos trabalho. Ou então é porque sabemos que lá vamos encontrar as pessoas que nos fazem realmente falta.
Acabei de almoçar. Na mesa ficaram palavras por digerir...
segunda-feira, 16 de novembro de 2009
Palavras deliciosas
01:11 | 1 Comentário
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Às vezes voltamos não pelas pessoas, não por conhecermos o caminho, não por estarmos confortáveis num lugar que já conhecemos mas simplesmente porque queremos tentar de novo.
Tentar de novo no mesmo sítio.
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Micá
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